Em 6 de novembro de 2024, a confirmação da vitória de Donald Trump nas eleições trouxe repercussões imediatas para os mercados globais, com o aumento das expectativas das taxas de juros, valorização do dólar americano frente a maioria das moedas e altas generalizadas nas bolsas dos EUA.
Este momento antecipa o início de uma nova fase para o cenário econômico, e com base nas propostas de campanha de Trump, traçamos possíveis impactos para as moedas, ações, títulos, commodities e mercados emergentes.
- Moedas: Espera-se um dólar mais forte com as políticas de Trump. Suas diretrizes para estímulos fiscais e redução de impostos projetaram inflação e crescimento mais elevados, exigindo uma postura firme do Federal Reserve em manter taxas de juros elevadas. Esse cenário torna o dólar atrativo frente as demais moedas globais.
- Ações : Com uma política voltada para desregulamentação e redução de impostos corporativos, Trump visa fortalecer as empresas americanas. O corte na alíquota de imposto corporativo dos EUA pode ter efeito positivo nos lucros das empresas. No entanto, empresas multinacionais que dependem de mercados externos podem enfrentar um ambiente mais hostil, especialmente com o protecionismo em alta em especial no que se refere à China.
- Títulos : Uma perspectiva de aumentos no déficit dos EUA, com Trump projetando redução de impostos, sem equiparação nos gastos, deve elevar o custo dos empréstimos. Com déficits fiscais que podem atingir cifras trilionárias, espera-se um aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro. Esse cenário limita a capacidade do Federal Reserve de cortar taxas no futuro e reduz o espaço de manobra dos bancos centrais ao redor do mundo, ampliando o impacto nas taxas globais e na atratividade dos títulos americanos.
- Commodities : A agenda de produção de combustíveis fósseis de Trump deve manter o petróleo americano competitivo e os preços moderados. No entanto, a intensificação nos conflitos do Oriente Médio, em especial contra o Irã, pode pressionar a oferta global e trazer volatilidade. Setores agrícolas, como o da soja, enfrentam incertezas devido a possíveis tarifas sobre a China, maior importador do grão, afetando os preços e a demanda.
- Mercados Emergentes : Países emergentes enfrentarão pressão tanto sobre suas moedas quanto sobre políticas monetárias, já que a alta nos rendimentos dos títulos americanos e o fortalecimento do dólar impactam diretamente o fluxo de capitais. Com a projeção de tarifas adicionais sobre produtos latino-americanos, como os veículos mexicanos, espera-se uma desvalorização do peso e possível enfraquecimento de moedas como o Real. O Brasil, como exportador de commodities, também pode ser afetado pela redução da demanda chinesa e pela pressão cambial.
- Investimento Sustentável : A revogação de regulamentações ambientais e de estímulos à energia limpa pode beneficiar setores de combustíveis fósseis, mas representa um desafio para empresas focadas em energia sustentável e veículos elétricos. A promessa de reverter partes da Lei de Redução da Inflação e a remoção de Gary Gensler como presidente da SEC indica um ambiente mais adverso para fundos sustentáveis, com potencial para novos fluxos de capital saindo desses ativos.
A vitória de Trump representa um ambiente de políticas mais protecionistas, o aumento de desequilíbrio fiscal e foco em setores tradicionais. Em momentos como este, de mudança de perspectivas de cenário, a revisão de antigas teses de investimento é essencial para atingirmos nossos objetivos de longo prazo.