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Frente a frente com Howard Marks, o ícone dos investimentos

O que um dos maiores investidores do mundo tem a ensinar sobre navegar a incerteza?

Foi durante a pandemia que, mergulhado em pesquisas sobre o mercado financeiro, me deparei com Howard Marks. Seus memorandos — ou “memos”, como são carinhosamente chamados — e seus livros me abriram uma nova perspectiva sobre investimentos e o comportamento humano. Desde então, Marks se tornou

uma referência fundamental no meu aprendizado.

Ele é autor de dois livros que rapidamente se tornaram essenciais para quem quer entender o mercado: The Most Important Thing e Mastering the Market Cycle. Neles, Marks não fala apenas sobre estratégias de investimento, mas explora aspectos psicológicos do mercado, como o “humor” dos investidores, que oscila entre a euforia e a depressão, como um pêndulo. Ele oferece uma visão sólida e didática sobre a importância de gerenciar riscos e reconhecer oportunidades.

Marks fundou a Oaktree Capital em 1995 e tem uma formação impressionante, com passagem por Wharton e MBA na Universidade de Chicago, conhecida por grandes teorias econômicas — incluindo a do mercado eficiente, da qual ele discorda. Ao saber que ele viria ao Brasil para um evento de uma corretora, fiquei animado, mas logo percebi que seria algo grande e inacessível naquele momento. Decidi esperar.

Mas, em 2024, a oportunidade apareceu. Durante uma reunião com o banco BTG, o nome de Howard Marks surgiu, e a head de fundos de investimentos mencionou que ele estaria em um evento no Brasil. O evento reunia grandes nomes do mercado financeiro, todos ansiosos para ouvir um dos maiores investidores do mundo. Quando Marks entrou, ele foi direto ao ponto, cumprimentou algumas pessoas e se sentou. O palestrante, também nervoso, iniciou com perguntas sobre a carreira e visão de Marks.

Ele começou falando sobre seus memorandos, citando um dos mais recentes, “Sea Changes”. Comentou sobre o impacto do aumento das taxas de juros, que resultou na queda dos valuations e dificultou a busca por ações a preços baixos. Ele explicou que, entre 2009 e 2021, o mercado viveu um período de euforia com juros baixos, o que tornou difícil gerar valor óbvio no crédito privado. Agora, com as taxas de juros subindo, Marks espera uma taxa neutra em torno de 3%, o que tornará os empréstimos mais escassos e aumentará os retornos em títulos de alto risco (high yield).

Sobre portfólios, Marks destacou a importância da diversificação. Ele explicou que a diversificação eficaz é aquela em que os ativos reagem de maneira diferente em momentos específicos, ajudando a mitigar os riscos. A lição central foi clara: não se trata de acertar sempre, mas de evitar grandes erros ao longo da jornada como investidor. E, para isso, é essencial estudar e entender os riscos.

Uma das frases que mais me marcou foi sua comparação entre o Brasil e os Estados Unidos: “O Brasil é como um adolescente, ainda vai crescer, mas nem todos os dias serão bons. Já os Estados Unidos é como um homem maduro”. Ele também fez uma analogia com o market timing, comparando-o à dor de dente: “Você sabe que precisará removê-la, mas provavelmente vai doer”.

Após o evento, Howard Marks saiu rapidamente. Alguns conseguiram uma selfie, outros trouxeram seus livros para autógrafos. Para mim, ficou a lembrança dos ensinamentos e a certeza de que, por mais distante que algo pareça, às vezes está mais próximo do que imaginamos.

Raphael Souza
Head de Alocação da Philos Invest

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